A história da família Cavalcanti: tradição, nobreza e brasões
Conheça a origem da família Cavalcanti, sua migração da Itália para o Brasil, brasões históricos e conexões com a nobreza portuguesa e brasileira
Os “Cavalcanti” emigraram para Portugal em 1558 e têm origem em Florença, na Itália. Felipe Cavalcanti, filho de Geovane Cavalcanti e Genebra Maneli, veio para a capitania de Pernambuco, onde se casou com Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque, cunhado do donatário Duarte Coelho, e Maria Arcoverde, também conhecida como a princesa indígena Muyirã-Ubi.
A família “Cavalcanti” também teve grande influência em Portugal, sendo reconhecida por seus serviços prestados ao reino. João Soares Cavalcanti, natural de Lisboa, era fidalgo escudeiro, filho de Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque e Bárbara Soares, e neto de Antônio Cavalcanti de Albuquerque. Em 29 de maio de 1656, recebeu o alvará de foro de fidalgo cavaleiro em reconhecimento aos serviços prestados no Brasil. Pelo mesmo motivo, foi agraciado com o Hábito de Cristo em 23 de agosto de 1658.
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Brasões da Família Cavalcanti
Segue a descrição dos brasões da família Cavalcanti:
O brasão principal apresenta um escudo ovado [em forma de ovo] com uma arma azul coticada de negro. O fundo é dividido em duas partes: a inferior, em prata, e a superior, em vermelho, salpicada de flores de prata com quatro pétalas. O timbre [elemento que fica no topo do brasão] consiste em um cavalo alado em posição de voo, com as patas dianteiras erguidas e as traseiras apoiadas sobre o elmo, cercado por chamas.
O brasão dos “Cavalcanti” de Pernambuco possui um fundo prateado, mantelado de vermelho, decorado com quadrifólios [figuras estilizadas de flores com quatro pétalas] prateados. No centro, há uma asna [peça heráldica em forma de “V” invertido] azul, sobre a qual está um leão dourado ladeado por duas flores-de-lis do mesmo tom, posicionadas sobre a linha do mantelado.
A família “Cavalcanti” manteve alianças com diversas casas nobres, cujos brasões foram incorporados aos seus. Eles figuram na segunda pala do escudo do Visconde de Cavalcanti, no terceiro quartel do escudo do Marquês de Olinda, nos primeiro e quarto quartéis do escudo do Barão de Pirapema e na segunda pala do escudo do Visconde de Albuquerque.
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Origem dos Cavalcanti de S. José do Duro (Dianópolis/TO)
Os “Cavalcanti” que se estabeleceram em São José do Duro (atual Dianópolis/TO) são descendentes de Felipe Cavalcanti, o florentino que emigrou para Portugal em 1558. Ao chegar a Pernambuco, ele se casou com Catarina de Albuquerque, descendente de Brites de Albuquerque, esposa do donatário Duarte Coelho.
Não há dúvidas de que Manoel Lourenço Cavalcanti pertencia a essa linhagem. Ele chegou à região logo após 1850, pois, apesar de já ser proprietário da Fazenda Colônia, a leste de Dianópolis, antes desse ano, registros indicam que, em 1853, ainda residia em Campo Largo, no estado da Bahia.
Homem de vasta cultura humanística e jurídica, Manoel Lourenço Cavalcanti deixou como prova de sua erudição diversas cartas, representações e outros escritos. Antes de adquirir a grande extensão de terras que formava a Fazenda Colônia, situada entre o Rio Palmeira e o Ribeirão do Inferno (atualmente chamado Ribeirão Bonito), ele esteve na região em 1839, quando comprou a propriedade. Há indícios de que tenha participado da exploração da Mina dos Tapuias ao lado de João Nepomuceno de Sousa, conforme sugere uma carta enviada a este em 1855.
Inicialmente, Manoel Lourenço Cavalcanti não se estabeleceu diretamente na Fazenda Colônia. Antes, morou por um período em Corrente, no Piauí, e depois na Fazenda Registro, no município de Campo Largo, que abrangia uma vasta área hidrográfica dos rios Preto, Branco e Grande. Campo Largo havia sido um importante núcleo de colonização, fundado no final do século XVIII.
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Casado com Isabel Maria de Moura, Manoel Lourenço Cavalcanti teve os seguintes filhos:
Filho de Manoel Lourenço Cavalcante e Isabel Maria de Moura
- José Messias Cavalcanti
- José Faborino Cavalcanti
- João Horácio Cavalcanti
- Belarmina Maria de Moura Cavalcanti
- Maria Veneranda da Conceição
- Cândida Cavalcanti
- Álvaro Cavalcanti
Adoção do sobrenome Wolney, Ayres e Leal
O primeiro membro da família “Ayres Cavalcanti” a adotar o sobrenome “Wolney” — que não pertence à linhagem, mas foi escolhido como homenagem — foi Joaquim Ayres Cavalcanti Wolney.
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A iniciativa partiu de Manoel Lourenço Cavalcanti, que desejava prestar tributo ao Conde Constantino Francisco Chassebauf de Volney. O conde francês, autor da obra de especulações filosófico-religiosas “As Ruínas”, exerceu grande influência sobre o pensamento de Manoel Lourenço, levando-o a nomear um de seus netos com o apelido “Volney”.

Com tantas tradições ilustres, também ligadas aos “Albuquerque” — família igualmente marcada por um legado notável —, o sobrenome “Cavalcanti” acabou sendo deixado em segundo plano e, com o tempo, sobreposto pelos “Ayres (Aires)”, “Wolney” e “Leal”. Vale destacar que a grafia correta do nome homenageado é Volney, e não Wolney.
Entre os descendentes da família em Goiás, um dos nomes mais proeminentes foi o do Coronel Abílio Wolney. No entanto, ele teria mantido melhor a tradição familiar se houvesse preservado seu nome verdadeiro, como “Abílio Leal Cavalcanti” ou “Abílio Cavalcanti Leal”.
Nota 1: Este texto é uma adaptação do livro “Historiologia”, do historiador Osvaldo Rodrigues Póvoa (11/05/1925 – 09/11/2023), que dedicou sua vida a preservar e compartilhar a memória histórica de nossa sociedade.
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