A cafeína, amplamente consumida globalmente, pode se tornar uma dependência disfarçada na rotina diária.
Por isso, mostraremos os sinais de dependência de cafeína, seus efeitos no cérebro, critérios diagnósticos e estratégias para controlar o consumo, com base em evidências científicas e opiniões de especialistas no campo.
Sinais de dependência de cafeína
Sintomas como letargia matinal, confusão mental e dores de cabeça podem não ser apenas sinais de uma noite mal dormida, mas indicativos de dependência de cafeína.
Segundo a neurobióloga Jennifer Temple, da Universidade de Buffalo, embora a cafeína não cause vício no sentido clínico, como outras substâncias, ela cria um hábito devido à sua meia-vida curta. As pessoas acordam já desprovidas de cafeína no sistema, o que leva a uma sensação de necessidade por mais.
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Hábito ou vício?
Temple explica que, diferentemente de drogas comuns de abuso, a cafeína não se liga diretamente aos receptores de dopamina. Além disso, não inibe a reabsorção dessa substância no cérebro. Por isso, ela prefere classificar a cafeína como uma substância que cria hábito, não viciante.
Essa distinção é essencial para entender como lidar com a ingestão de cafeína. Além de ajudar a reconhecer os limites entre um hábito diário e uma dependência potencialmente prejudicial.
Diagnóstico de transtorno do uso de cafeína
A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais incluiu critérios para o transtorno do uso de cafeína.
Os critérios incluem um desejo persistente ou esforços fracassados para controlar o uso, consumo contínuo apesar de problemas físicos ou psicológicos e sintomas de abstinência ao reduzir o consumo. Estudos sugerem que cerca de 10-13% dos adultos podem sofrer deste transtorno.
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Estratégias para reduzir a ingestão de cafeína
A redução gradual, conhecida como “tapering”, é a abordagem mais eficaz e menos impactante para diminuir o consumo de cafeína.
Um estudo publicado no Journal of Consulting and Clinical Psychology em 2016 demonstrou que reduzir a ingestão de cafeína para 75%, 50%, 25% e 12,5% a cada semana respectivamente, leva a uma diminuição sustentada no consumo, mesmo um ano após o estudo.
Interromper abruptamente pode resultar em sintomas de abstinência severos, como foi observado em um estudo norueguês com portadores de enxaqueca.
Compreender a natureza da cafeína e sua influência no corpo e na mente permite um consumo mais consciente e equilibrado, evitando os potenciais efeitos negativos do seu uso excessivo.