Memórias de um Ex-Sargento: uma vida de experiências no Rio de Janeiro

Conheça a introdução do livro "Memórias de um Ex-Sargento" e mergulhe em histórias reais vividas no Rio dos anos 1940 e 1950

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Em linguagem coloquial, procuro retratar o que vivi no Rio: minha vida de militar, quando participei da deposição do presidente Getúlio Vargas, em 1945; das patrulhas de carnaval; da minha vida de estudante; dos companheiros de trabalho no Armazém 33, no Cais do Porto do Rio de Janeiro; e do estudante profissional Agamenon, getulista e janguista, que ficou contrariado com eles — quase aliado de Carlos Lacerda — porque queriam que ele usasse o fundo sindical em desacordo com as normas legais.

Foto do Palácio do Catete Rio de Janeiro
Palácio do Catete Rio de Janeiro, RJ – Imagem: Wikipédia

Morando vizinho ao Palácio do Catete e ávido leitor de jornais, acompanhei de perto o desenrolar da crise que culminou com aquele tiro fatal em 24 de agosto de 1954 (1). Ainda muito jovem, sem experiência, mas com a cabeça cheia de esperança e muitas indagações, saí do Norte de Goiás — que ainda não era o estado do Tocantins — no ano de 1944, almejando alcançar o Rio de Janeiro, sonhando converter em realidade o projeto que tinha em mente.

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Eu nunca vira uma cidade, exceto a pequena Dianópolis, que, naquele tempo, devia ter talvez meio milhar de habitantes. Em carroceria de caminhão, dividindo espaço com a carga e outros passageiros, após uma viagem cansativa por estrada aberta a pneus, cheguei a Barreiras, às margens do Rio Grande, afluente do São Francisco, na Bahia.

Na casa do senhor Ângelo Rego, amigo de meu pai, fiquei os dias suficientes para obter uma vaga em um avião da Força Aérea Brasileira, a FAB, graças à intercessão do senhor Pedro Mesquita, mecânico da então famosa Panair do Brasil, empresa aérea que, anos depois, faliria ruidosamente.

Cheguei ao Rio de Janeiro em 17 de janeiro de 1944, dando início a uma nova experiência de vida na grande metrópole, capital do Brasil, no então Distrito Federal.

A experiência vivida ao longo de treze anos na Cidade Maravilhosa vai aqui relatada nos seus momentos mais interessantes. Uma grande parte desse tempo — a que me trouxe mais experiência e oportunidade de conhecer as pessoas — eu passei no Exército e na Administração do Porto do Rio de Janeiro.

Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Distrito Federal foram quatro anos. Tendo passado mais tempo no Exército, escolhi o título Memórias de um ex-Sargento para estas crônicas.

Os nomes de pessoas são quase todos reais, e os poucos fictícios, por razões óbvias, são facilmente identificáveis.

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Dianópolis, 20 de agosto de 1989
Osvaldo Rodrigues Póvoa


Nota 1: A morte de Getúlio Vargas, então 17º presidente do Brasil, ocorreu em 24 de agosto de 1954, quando ele cometeu suicídio com um disparo de revólver calibre 32 no coração, em seu quarto no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então capital federal.

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Nota 2: Este texto introdutório faz parte da obra “Memórias de um ex-Sargento”, escrita pelo historiador Osvaldo Rodrigues Póvoa(13/05/1925 – 09/11/2023). Nele, o autor explica as motivações por trás da escolha do título das crônicas e compartilha um panorama de suas vivências no Rio de Janeiro, durante um período marcante da história do Brasil. Ao longo das próximas semanas, publicaremos, uma a uma, as crônicas que compõem o livro, oferecendo aos leitores a oportunidade de acompanhar de perto esse relato pessoal repleto de memórias, personagens reais e episódios históricos.

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