O que as pessoas vão comer quando estiverem vivendo na Lua?
Como a alimentação dos astronautas é desenvolvida? Conheça os desafios e soluções para refeições seguras e nutritivas no espaço
Com a iminente volta dos astronautas à Lua pelo programa Artemis da NASA, a alimentação no espaço ganha destaque. Enquanto a Estação Espacial Internacional (ISS) está prestes a ser substituída após ultrapassar sua vida útil planejada, surgem discussões sobre possíveis missões tripuladas ao espaço, incluindo projetos turísticos privados para os privilegiados.
No entanto, diante dessas possibilidades, surge uma questão importante: o que as pessoas — incluindo os turistas — irão comer enquanto estiverem no espaço?
Os desafios da alimentação no espaço
A alimentação espacial adequada é essencial para a saúde física e mental dos astronautas. De acordo com Sonja Brungs, subchefe de operações com astronautas da Agência Espacial Europeia, é fundamental proporcionar variedade e qualidade na alimentação para garantir o sucesso das missões. Atualmente, os astronautas consomem refeições preparadas e embaladas, aquecidas ou resfriadas com água.
No entanto, no espaço, alimentos que produzem migalhas, como o pão, são proibidos devido ao risco de danificar equipamentos vitais. Além disso, o consumo de sal é restrito devido aos efeitos negativos do sódio nos ossos, podendo levar à osteoporose, e a ingestão de álcool é proibida por interferir no sistema de reciclagem de água da ISS.
Como os astronautas se alimentam atualmente?
A comida dos astronautas no espaço é desenvolvida com base em critérios rigorosos, garantindo segurança, valor nutricional, sabor e facilidade de consumo na microgravidade. Veja a seguir um resumo do processo de preparação dos alimentos:
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Seleção de ingredientes e nutrição
Em primeiro lugar, cientistas selecionam ingredientes que oferecem uma dieta equilibrada, fornecendo todas as vitaminas e nutrientes essenciais. Além disso, é essencial que a comida atenda às necessidades nutricionais dos astronautas para manter sua saúde e desempenho durante as missões espaciais.
Conservação
Para preservar a comida de forma segura e nutritiva por períodos prolongados, são utilizados métodos como:
- Liofilização: remoção da água dos alimentos por sublimação, prolongando a vida útil e reduzindo o peso;
- Termoestabilização: cozimento e selagem dos alimentos em embalagens herméticas para destruir microrganismos.
Embalagem
Os alimentos são embalados em pacotes leves e resistentes, ocupando pouco espaço e de fácil manipulação pelos astronautas. Além disso, as embalagens são projetadas para minimizar a produção de resíduos.
Testes de sabor e textura
Os alimentos são testados para garantir sabor agradável e textura palatável após o processo de conservação. Isso é essencial para manter o ânimo e o bem-estar dos astronautas. Ademais, para evitar a monotonia, são oferecidas diversas opções alimentares, levando em consideração as preferências individuais dos astronautas.
Preparo para consumo
Em suma, os alimentos são desenvolvidos para facilitar o preparo e consumo na microgravidade. Muitos alimentos são reidratados com água quente ou fria, enquanto outros podem ser consumidos diretamente das embalagens. Utensílios especiais são projetados para facilitar a alimentação.
Segurança alimentar
São seguidos rigorosos padrões de segurança alimentar para evitar qualquer risco de contaminação. Então, cada lote de alimentos é criteriosamente testado antes de ser enviado ao espaço.
Novas abordagens na alimentação espacial
Em 2021, a NASA lançou o Desafio da Comida no Espaço para inovar na produção de alimentos espaciais, objetivando criar novas formas de alimentos saborosos, seguros e nutritivos com recursos limitados e gerando poucos resíduos.
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Solar Foods, da Finlândia, uma das finalistas do desafio, desenvolveu uma proteína a partir de resíduos espaciais, usando dióxido de carbono, hidrogênio e oxigênio. Essa proteína pode ser transformada em diversos alimentos, como macarrão e barras de proteína.
Além disso, o cultivo de vegetais no espaço é objeto de pesquisa contínua. A ISS possui a “Veggie”, uma horta onde os astronautas estudam o crescimento de plantas na microgravidade.
A Interstellar Lab, dos EUA, criou um sistema modular para produção de microverduras e legumes no espaço.
A empresa Mycorena, da Suécia, utiliza fungos para produzir uma micoproteína, alternativa à carne, rica em aminoácidos essenciais. Esses fungos crescem rapidamente em diferentes substratos e são resistentes à radiação, ideais para o espaço.
À medida que as oportunidades para empresas privadas na exploração espacial se expandem, crescem também as possibilidades para chefs particulares. Rasmus Munk, do renomado restaurante Alchemist, em Copenhague, Dinamarca, está entre os chefs preparados para embarcar nessa jornada.
Benefícios para o planeta Terra
Finalizando, as inovações em alimentação espacial têm potencial para beneficiar a Terra. As tecnologias desenvolvidas para o espaço podem ser adaptadas para enfrentar desafios alimentares decorrentes das mudanças climáticas. A economia circular aplicada no espaço pode inspirar soluções sustentáveis para a produção de alimentos em nosso planeta.
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