Adultos têm amigos imaginários? Estudos respondem
Especialista indica três formas que pessoas adultas usam para lidar com a solidão
Você tinha amigos imaginários quando criança? Possivelmente, né? Normalmente, crianças criam essas “companhias” por diversos motivos, desde diversão até superar algum trauma. Acontece que adultos também podem ter amigos imaginários, sabia? E a razão é uma só: a solidão.
Segundo a Forbes, em estudo de 2023 apontou que este é um desafio tão sério para a saúde mental que pode até aumentar o risco de mortalidade prematura. E sim, as pessoas estão cientes disso, de tal forma que tentam meios de lutar contra o isolamento social.
Curiosamente, muitas recorrem a estratégias criativas para lidar com a solidão. Semelhante à forma como as crianças cultivam amigos imaginários, adultos também encontram consolo na criação mental de companhia.
A princípio, essa abordagem oferece um alívio para aqueles que sentem a ausência de interações sociais no mundo real. Aqui, estão três maneiras pelas quais as pessoas usam companheiros imaginários para combater a solidão, conforme especialistas.
A mudança de realidade é como um dos amigos imaginários
Você já se imaginou vivendo outra vida, como uma realidade alternativa? Por exemplo, se ver como uma pessoa totalmente diferente, cercada de amigos diferentes? Essa mudança de realidade é muito comum entre adolescentes e jovens adultos.
De modo geral, trata-se de se transportar mentalmente para uma realidade alternativa ou um universo ficcional desejado. Isso se baseia na crença de transferir a consciência para experimentar realidades alternativas como se fossem reais.
Geralmente, essas realidades (que, por vezes, envolvem amigos imaginários) se inspiram em cenários de mídias populares, como filmes, videogames e livros.
Na prática, é como se a pessoa elaborasse um novo roteiro para a própria vida. Nele, experimenta situações realmente vívidas e imersivas. Estudos indicam que esse interesse teve um aumento expressivo após a pandemia da Covid-19, em decorrência do aumento na solidão e sofrimento mental.
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Mas, as pessoas também tentam amenizar seu sofrimento
Assim como as crianças usam amigos imaginários para superar traumas, pesquisadores sugerem que essas realidades alternativas também servem para lidar com aspectos negativos da vida real dos adultos. É o caso de quem se imagina muito rico ou bem-sucedido quando experimenta uma fase de dificuldades financeiras.
Mas, como essa mudança de realidade virou pauta? Inicialmente, comunidades online começaram a compartilhar a prática e, inclusive, o engajamento nelas gerou um senso de pertencimento. E é aí que mora o problema.
Quando as pessoas entram nessas comunidades, criam uma realidade nova sobre a qual têm controle sobre as interações sociais. No entanto, se esquece das responsabilidades e relacionamentos no mundo real.
Consequentemente, negligenciam aspectos importantes da vida, como trabalho, escola ou vida em família. Além disso, quando não conseguem alcançar os resultados que esperam nestas comunidades, as pessoas adquirem sentimentos de decepção, frustração ou desilusão.
Ou seja, os amigos imaginários passam a fazer mal, potencializando problemas de saúde mental existentes ou desencadear sofrimento emocional em quem está mais vulnerável.
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Fictofilia
Antes de tudo, você sabe o que é fictofilia? Trata-se da forte atração ou apego a personagens fictícios, ou seja, aqueles que encontramos na literatura, cinema, televisão ou outras mídias.
Ah, é como o cosplay? Não, os fictófilos vão além. Só para ilustrar, sentem conexões emocionais tão intensas com esses personagens que, às vezes, os priorizam em detrimento dos relacionamentos da vida real.
Por exemplo, sonham acordados que têm um relacionamento com eles. Ou, fazem o cosplay mesmo, compram mercadorias temáticas, escrevendo fanfics ou criam outros tipos de arte sobre eles.
Embora não mergulhem tão intensamente nos personagens quanto os mudadores de realidade, acabam fantasiando que as figuras retribuam seu amor. Mais ainda, conte com elas para apoio social.
Porém, existe um motivo para ter, nestes personagens, verdadeiros amigos imaginários. Ao contrário das interações reais, inseguras e imprevisíveis, a pessoa tem a certeza de que aquela figura amada não vai traí-la ou ferí-la.
Ainda que haja algum benefício desse tipo de relação imaginada, o fictófilo acaba percebendo que aquele amor todo pode não ser correspondido. Então, cai em tristeza e frustração.
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Tulpamancia também traz amigos imaginários
Da mesma forma que a fictofilia, esta é uma subcultura da internet que traz companhia imaginada. Mas, aqui, a pessoa cria seres sensíveis e responsivos, os “tulpas”, dentro de suas mentes.
Embora “compartilhem corpos” com o criador, estes amigos imaginários são frequentemente descritos como entidades independentes. Assim, têm seus próprios pensamentos, sentimentos e personalidades.
A princípio, o conceito de tulpamancia tem suas raízes no budismo tibetano, no qual uma tulpa é tradicionalmente considerada uma manifestação da prática espiritual. Por isso, jovens adultos que a praticam normalmente tentam interagir com ela por meio da meditação, visualização e exercícios de atenção.
Mas, como se dá essa interação? Assim como se faz com pessoas reais, ou seja, conversas, compartilhando experiências e buscando apoio emocional. Aparentemente, esse diálogo interno contínuo traz a sensação de conexão quando as interações sociais externas são limitadas.
Pesquisas mostram que muitos indivíduos que praticam tulpamancia são jovens, altamente capazes de se absorver mentalmente em experiências imaginativas e têm interações sociais limitadas.
Quem adota as tulpas como amigas?
De acordo com pesquisas, a maioria dos indivíduos que praticam tulpamancia são jovens, altamente capazes de se absorver mentalmente em experiências imaginativas e têm interações sociais limitadas.
Assim, as tulpas frequentemente “acompanham” os tulpamancers em suas vidas no mundo real. Deste modo, proporcionam a oportunidade de experimentar relacionamentos significativos.
Inclusive, vale reforçar que a tulpamancia para combater a solidão não é inerentemente patológico. De fato, a prática pode coexistir com o funcionamento ótimo. Mais ainda, melhorar a saúde mental e no bem-estar, especialmente em pessoas com transtornos mentais ou neurodesenvolvimentais.
Como vimos, amigos imaginários podem não ser exclusivos de crianças. Seja qual for a forma que encontram de combater a solidão, o melhor mesmo é estabelecer conexões reais. Se estiver difícil e for mais forte que você, busque ajuda. Ela é sempre bem-vinda e construtiva!
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