Como a Taxa Selic influencia a economia e o seu bolso?

Com a taxa Selic mantida em 10,50%, entenda os efeitos dessa decisão no mercado financeiro e no seu dia a dia

Nesta quarta-feira (19/6), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou que vai manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. Com isso, põe fim a um ciclo de sete reduções consecutivas dessa taxa essencial. A notícia animou o mercado e, inclusive, trouxe um respiro nas ações da Bovespa e do câmbio. Mas, por que a decisão sobre a taxa Selic mexe tanto com o mercado? E na sua vida, o que esse índice significa?

De fato, entender o que realmente é a taxa Selic e como afeta o dia a dia dos brasileiros é fundamental. Afinal, ela está muito mais presente nas suas contas diárias do que imagina.

O que é a taxa Selic?

Antes de tudo, vamos entender direitinho do que se trata exatamente a taxa Selic? Sem muito exagero, dá para afirmar que é quase o coração do sistema financeiro brasileiro. Mas, por que? Simplesmente por representar os juros básicos da economia, por isso, tem efeitos diretos na inflação e poder de compra da moeda nacional.

Só para ter uma ideia, a taxa Selic é referência para todas as outras taxas de juros no país. Ou seja, desde aquelas que se cobra nos empréstimos até as que se recebe nos investimentos. Tanto que a própria origem do nome vem do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC). É onde os títulos públicos federais são negociados e servem como garantia para operações financeiras de curtíssimo prazo.

Por isso, investidores e economistas acompanham de perto a Selic, pois afeta da poupança até os grandes investimentos. Certo, e quem define a taxa Selic? O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que se reúne a cada 45 dias para avaliar a economia.

A partir dessa avaliação, define a nova taxa Selic. Mas, no que a equipe se baseia? Basicamente, em indicadores econômicos, por exemplo:

  • inflação
  • crescimento econômico
  • cenário externo

Tudo tem que ser feito de forma muito cautelosa, pois a decisão do Copom influencia todo o custo do dinheiro no mercado. Assim, impacta diretamente o crédito e os investimentos. Além disso, o governo utiliza a taxa Selic para controlar a inflação e manter a estabilidade econômica.

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Como ela funciona?

Em termos simples, a taxa Selic funciona como um instrumento de política monetária e tem duas formas. A primeira é a Selic “meta”, que é o objetivo do Banco Central. Já a Selic “efetiva” é a taxa média diária das operações no sistema de liquidação. Na prática, o Banco Central faz as operações de compra e venda de títulos públicos para alinhar a Selic efetiva com a meta estabelecida.

Sendo assim, quando o BC quer aumentar a Selic, vende títulos no mercado, reduzindo a quantidade de dinheiro em circulação. Isso aumenta os juros, pois a oferta de dinheiro diminui. Mas, quando quer reduzi-la, então faz o caminho inverso: compra títulos, injetando dinheiro no mercado e diminuindo os juros. Esse processo regula a liquidez e a inflação, garantindo a estabilidade econômica.

O que a taxa Selic influencia?

A Selic desempenha um papel de peso no mercado financeiro. Afinal, quando a taxa aumenta, os custos de empréstimos ficam mais altos. Deste modo, desencoraja o consumo e ajuda a controlar a inflação. Por outro lado, se diminui, os empréstimos ficam mais baratos.
Consequentemente, incentiva o consumo e os investimentos.

Em outras palavras, qualquer mudança na Selic afeta diretamente o custo do crédito e, assim, o consumo e o investimento. Por isso, diz-se que a taxa Selic é um dos principais indicadores da saúde econômica do país. No fim das contas, é o termômetro para estimular ou conter o consumo e o investimento, conforme a situação econômica.

Até aqui, você deve estar se perguntando: onde isso afeta no meu dia a dia? Em praticamente, tudo! Só para exemplificar:

  • Economia doméstica: a Selic afeta os juros pagos em financiamentos, como os da casa própria, bem como os empréstimos. Claro que isso impacta o orçamento familiar.
  • Investimentos: a taxa também determina o rendimento de várias aplicações financeiras, portanto, influencia suas decisões enquanto pessoa investidora. Até na poupança!

Sem falar no seu impacto significativo no controle da inflação. Ao ajustar a taxa, o BC consegue influenciar a demanda na economia. Como já explicamos, a Selic alta tende a reduzir a inflação, pois diminui o consumo e a demanda por bens e serviços.

Já uma Selic baixa pode estimular a economia, mas corre o risco de aumentar a inflação se a demanda crescer mais rápido do que a oferta. Portanto, temos aí um instrumento fundamental para manter o equilíbrio econômico e garantir a estabilidade dos preços.

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Brasil tem uma das taxas de juros mais altas do mundo!

A notícia de manter a taxa Selic pode até ter animado o mercado, mas o Brasil continua entre os países com maior juro real do mundo. Só para ilustrar, fica atrás apenas da Rússia.

Mas o que é, exatamente, o juro real? Em resumo, trata-se do juro formado pela taxa nominal do país menos a inflação. E juro nominal, é o que? A taxa sem descontar a inflação.

Sendo assim, segundo levantamento do MoneYou divulgado pelo G1, o top 5 dos maiores juros reais do mundo fica assim:

  • Rússia: 8,91% ao ano
  • Brasil: 6,79% ao ano
  • México: 6,52% ao ano
  • Turquia: 4,65% ao ano
  • Indonésia: 4,13% ao ano

Em compensação, no que toca aos juros nominais, o Brasil mantém-se na 6ª posição, ficando atrás de Turquia, Argentina, Rússia, Colômbia e México. Veja os detalhes aqui.

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