O vinho tinto realmente provoca mais dor de cabeça? A ciência responde!
A interação entre um flavonoide e o álcool interfere no metabolismo da substância pelo fígado, causando dor de cabeça
Há um ditado popular que diz “o vinho melhora com tempo, eu melhoro com o vinho”. No entanto, tem gente que sente mesmo é uma tremenda dor de cabeça depois de tomar vinho. Por anos, a ciência tentou descobrir o porquê disso até que, finalmente, encontraram a “vilã” da história: uma molécula de flavonol.
Ok, o consumo excessivo de qualquer bebida alcoólica dá ressaca e, entre os sintomas, temos a dor de cabeça. No entanto, com o vinho tinto, ela vem mais depressa em comparação com outras bebidas, como o branco, por exemplo. Só para ter uma ideia, a sensação pode se manifestar com apenas uma ou duas taças.
Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia, essa diferença se dá na relação entre os flavonoides e o metabolismo do álcool no organismo. Vamos entender isso melhor?
Por que sentimos dor de cabeça depois de tomar vinho?
Muitas publicações apontam os benefícios de uma tacinha de vinho tinto por dia. Inclusive, devido aos efeitos antioxidantes dos flavonoides. Então, por que é que justo eles fazem mal?
A princípio, a molécula de flavanol responsável pela dor de cabeça é a quercetina. A substância é naturalmente encontrada em várias frutas e vegetais, como a uva.
E não, ela não é tóxica! Pelo contrário, trata-se de um antioxidante benéfico disponível inclusive na forma de suplemento. O problema, entretanto, está na sua interação durante a metabolização do álcool. Vamos voltar ao ensino médio para compreender?
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Quando o nosso fígado processa o álcool (etanol), ele passa por duas etapas para se transformar em acetato. Na primeira, vira acetaldeído, uma substância muito tóxica e prejudicial à saúde. Só para ter uma ideia, chega a ser até vinte vezes mais nociva que o próprio álcool.
Além de, também, ser cancerígena, é a principal causadora dos sintomas da ressaca. Por exemplo, náuseas, suor excessivo, rosto vermelho e dor de cabeça.
Na segunda etapa, uma enzima chamada aldeído desidrogenase (ALDH) converte o acetaldeído em acetato. No entanto, a dor de cabeça depois de tomar vinho vem porque a quercetina interfere neste processo. Então, em vez de converter, faz é acumular o acetaldeído no organismo.
Mas, por que o efeito é pior com vinho tinto?
Lá no começo, falamos que a dor de cabeça depois de tomar vinho é pior nos tintos, certo? Isso acontece porque há uma concentração 10 vezes maior de flavonoides neles do que no vinho branco.
Entretanto, é essencial destacar que a quercetina sozinha não é responsável por dores de cabeça.
A cebola, por exemplo, possui uma quantidade muito maior de quercetina do que o vinho, mas raramente as pessoas se queixam de dores de cabeça depois de comê-las. O que acontece é que o álcool e a quercetina, quando combinados, trabalham em conjunto para gerar um acúmulo de acetaldeído, uma substância tóxica.
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Nos melhores vinhos, as maiores dores de cabeça
Embora o vinho tinto tenha mais quercetina do que o branco, as concentrações variam conforme a origem e os tipos de vinhos tintos, como os espanhóis. Ou seja, isso interfere diretamente em por que temos dor de cabeça depois de tomar vinho.
Além disso, diferentes processos de fabricação, como fermentação e envelhecimento, também afetam o conteúdo químico. A exposição solar das uvas, por exemplo.
Vinhedos de alta qualidade, que usam práticas como treliça e desbaste, acumulam mais quercetina do que os vinhedos convencionais. Inclusive, estudos mostraram que vinhos “ultra-premium” têm quatro vezes mais flavonoides do que vinhos de qualidade inferior.
Dito de outra maneira, há menos probabilidade de sentir dor de cabeça depois de tomar vinho barato.
Ademais, as enzimas que digerem a quercetina podem variar entre as pessoas. O acetaldeído afeta principalmente indivíduos geneticamente predispostos, por exemplo, pessoas asiáticas.
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