Por que esquecemos? Cientistas revelam os segredos da memória

Entenda como o cérebro armazena e recupera informações, e como isso impacta nosso aprendizado, emoções e decisões

Você já se perguntou como funciona a memória? Por exemplo, por que nos lembramos de episódios específicos, mas apagamos totalmente outros? Que partes do cérebro estão envolvidas nestas lembranças? De fato, temos uma máquina poderosa e surpreendente em nossas cabeças. Por isso, cientistas de todo o mundo sempre se envolveram em verdadeiras jornadas pela mente humana.

Um deles é Charan Ranganath, neurocientista e autor do livro “Por que Lembramos”. Nele, o estudioso explora seis pontos sobre como a memória opera. Mais ainda, para que serve e por que às vezes esquecemos as coisas de repente. De modo geral, ele tenta entender (e nos explicar) como o cérebro armazena e recupera informações. Ainda, descobrir as razões por trás dos nossos lapsos de memória.

O que é a memória e como ela funciona?

Mas, como assim, o que é a memória? Afinal, não é um registro do passado ou a capacidade de nos lembrar de dados, pessoas e lugares, por exemplo? Pelo contrário! Trata-se de algo muito mais complexo.

Segundo Ranganath, a memória envolve a conexão de diferentes aspectos de um evento, ou seja, o que, onde, quando e como. Algo como:

  • O que: jogo entre Brasil e Alemanha
  • Onde: Belo Horizonte – Estádio Mineirão
  • Quando: Copa do Mundo de 2014
  • Como: o apagão da Seleção Brasileira que, consequentemente, resultou no 7×1

A princípio, são estes detalhes que nos ajudam a reviver momentos com uma sensação vívida e fugaz, enquanto outras são mais difíceis de descrever. Como o próprio pesquisador explica, o cérebro humano é um sofisticado sistema de organização de informações. Nele, é o hipocampo quem assume um papel importante na catalogação e recuperação das lembranças.

Como a memória funciona com lembranças específicas?

Já percebeu que, de repente, nos lembramos de um fato bem específico assim, de repente? Ou, pelo contrário, situações e mesmo compromissos simplesmente somem da nossa memória?

A princípio, os “lampejos de memória” ocorrem devido à forma como o hipocampo organiza as lembranças. Em resumo, essa parte do cérebro armazena memórias com base no contexto, o que facilita a recuperação de eventos relacionados.

Quer outro exemplo prático? Suponhamos que você entra numa sala e de repente lembra de um evento que aconteceu em um ambiente semelhante. Esse é o hipocampo em ação.

Já sobre os esquecimentos, não é necessariamente um sinal de problemas de memória. Muitas vezes, é uma consequência natural dos “limites de eventos”.

Em outras palavras, quando nossa percepção do ambiente muda, como atravessar uma porta, o cérebro pode dividir essa experiência em diferentes segmentos. Consequentemente, ocorrem os lapsos temporários de memória.

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Como emoções e memória se relacionam?

Outro fator importante sobre como a memória funciona diz respeito às emoções atuais. Isso abrange tanto a formação quanto a recuperação delas. E tem explicação.

Inicialmente, o que sentimos funciona como um filtro, influenciando quais lembranças emergem. Por isso, aquelas mais carregadas emocionalmente tendem a ser mais vívidas e duradouras.

Aqui, chegamos à nostalgia, uma emoção poderosa que influencia o que chamamos de memória episódica. Com o passar dos anos, tendemos a lembrar mais das experiências positivas do que das negativas. Ainda bem, né?

Inclusive, esse viés positivo se intensifica com a idade, criando um sentimento de nostalgia misto de felicidade e tristeza. Neste sentido, dá até para separar alguns pontos-chave sobre a nostalgia:

  • A nostalgia aumenta com a idade.
  • Tendemos a lembrar mais das experiências positivas.
  • Esse viés de positividade pode explicar por que os idosos são mais nostálgicos.

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Conexão entre música e memória

Quem é que nunca se emocionou quando ouviu uma canção especial? Aquela que tocou no primeiro beijo? Ou, ainda, em uma situação de conquista. Pois é, a música tem um poder incrível de evocar memórias.

E aqui, vem de novo as explicações de Ranganath. Só para ilustrar, ele observa que melodias específicas trazem à tona lembranças do passado, mesmo em pessoas com Alzheimer.

Aliás, ele próprio testemunhou isso pessoalmente com seu avô, demonstrando como a música é poderosa para recuperar memórias perdidas.

Sendo assim, os principais benefícios da música na memória são:

  • Evocação de lembranças passadas.
  • Potencial terapêutico para pessoas com Alzheimer.
  • Fortalecimento da memória emocional.

Ou seja, já deu para ver que memória e sobretudo, como funciona, é um fenômeno complexo e fascinante. Entendê-la, ainda que minimamente, ajuda a apreciar a incrível capacidade do cérebro de armazenar, organizar e recuperar informações.

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