Cuscuz paulista: por que o prato é tão importante para a culinária
Embora sempre apareça nos piores rankings, o prato é cheio de significados
Recentemente, a plataforma especializada em gastronomia divulgou um ranking no qual o cuscuz paulista ficava entre os piores pratos da culinária brasileira. Só para ter uma ideia, a receita teve uma das menores notas entre pessoas leitoras. Mas, apesar dessa controvérsia toda, o cuscuz tem importância extrema para a culinária brasileira. Não só isso, como também carrega afeto e criatividade.
De modo geral, a receita carrega em si a história e a diversidade do povo brasileiro. Afina, traz heranças indígenas, europeias e africanas. Por isso, é mais do que uma simples refeição, trata-se de um símbolo de identidade e tradição.
Então, vamos acabar com esse preconceito e conhecer melhor o cuscuz paulista?
O que é o cuscuz paulista?
Como o próprio nome já diz, o cuscuz paulista é um prato típico do estado de São Paulo. Mas, na verdade, consiste em uma adaptação do cuscuz berbere do Norte da África, mais precisamente, países como Tunísia e Marrocos.
A princípio, sua trajetória começa com os mouros na Península Ibérica, que introduziram o cuscuz em Portugal até o século XV. Logo, a presença portuguesa em regiões africanas, como Ceuta, ajudou a disseminar o prato, que já era popular em outras áreas da África.
O primeiro registro escrito do cuscuz data do século XIII, sugerindo que a palavra “cuscuz”, inclusive, vem do som do vapor durante o cozimento. No entanto, o cuscuz não chegou ao Brasil apenas pela influência moura em Portugal.
Pelo contrário, isso se deve principalmente à disseminação da cultura alimentar em regiões africanas de onde pessoas foram trazidas como escravas. Então, por aqui, a receita ganhou adaptações. Por exemplo, a substituição do trigo pelo milho, e a adição do leite de coco.
Essa adaptação destaca a capacidade do país de integrar diferentes influências culturais em sua culinária. Principalmente, incorporando itens já conhecidos entre indígenas, como o milho.
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Do que o cuscuz paulista é feito?
Em resumo, trata-se de um bolo salgado feito no vapor, com furo no centro, da mesma forma que o pudim. Os ingredientes são, de fato, uma mistura de coisas. Só para exemplificar, pode levar:
- farinha de milho
- sardinha
- atum
- milho
- ervilha
- ovos
Tudo isso confere ao prato uma textura e sabor únicos. Sem falar que estes ingredientes todos ficam mesmo à mostra, bem visíveis no cuscuz.
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Listas e controvérsias
Apesar de sua rica história, o cuscuz paulista tem enfrentado controvérsias. Como a gente comentou, o prato chegou a liderar listas de “piores comidas brasileiras” em plataformas de gastronomia. Essas avaliações, no entanto, não refletem a importância cultural e o valor afetivo que o prato possui para muitos brasileiros.
Com todas as suas adaptações ao longo dos anos, incorporou ingredientes locais e tornou-se um prato emblemático do estado de São Paulo. Neste sentido, é mais do que um prato: trata-se de um elemento de união familiar e de celebração das festas populares. Só para exemplificar, está sempre presente em festas juninas, Natal e Ano Novo, além dos almoços tradicionais de domingo.
Em suma, o cuscuz paulista é um prato que simboliza uma verdadeira odisseia culinária. Por isso, merece ser reconhecido e valorizado pela contribuição à diversidade gastronômica do Brasil.
E você, o que acha do cuscuz paulista? Concorda com as listas que o avaliam tão mal?
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