Veja as duas cores que o seu cérebro NÃO consegue enxergar

Por que há cores que não conseguimos enxergar?

A percepção das cores é uma faceta intrigante da nossa experiência visual, mas há certas combinações que desafiam totalmente nossa capacidade de vê-las. Essas são as chamadas “cores impossíveis”, tonalidades que nossos olhos simplesmente não conseguem captar, mesmo que elas existam no espectro eletromagnético. Por isso, descubra quais são ela a seguir.

A percepção visual das cores

As cores que vemos ao nosso redor são mais do que simples percepções visuais; são experiências sensoriais complexas processadas pelo nosso cérebro. Desde o momento em que a luz atinge nossos olhos até o ponto em que interpretamos uma cor, ocorrem várias etapas intrincadas. Mas como exatamente o cérebro processa as cores?

O processo de percepção das cores começa nos olhos, especificamente na retina, onde células especializadas chamadas cones desempenham um papel essencial. Existem três tipos principais de cones, cada um sensível a diferentes comprimentos de onda de luz: vermelho, verde e azul. Assim, quando a luz entra em nossos olhos, ela estimula esses cones em diferentes graus, o que permite que percebamos uma ampla gama de cores.

Após a estimulação dos cones, os sinais elétricos são enviados através do nervo óptico para o cérebro. Essas informações são primeiramente processadas no tálamo, que atua como uma central de retransmissão, antes de serem enviadas para o córtex visual. Aqui, os sinais são interpretados e combinados para criar a percepção final das cores.

Dentro do córtex visual, existem áreas especializadas que são responsáveis pelo processamento dessas cores. A área V4, por exemplo, é fundamental para a discriminação e reconhecimento delas. Além disso, o cérebro utiliza informações contextuais e memórias associativas para interpretá-las de forma mais precisa. Isso explica por que a cor de um objeto pode parecer diferente sob diferentes condições de iluminação.

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As cores impossíveis: um mistério da percepção visual

Entre essas cores proibidas estão o vermelho-verde e o amarelo-azul. Ao contrário das cores secundárias formadas pela combinação tradicional das primárias, essas cores têm comprimentos de onda que se neutralizam.

Essa neutralização cria um paradoxo para nossos neurônios oponentes na retina, que normalmente processam informações visuais. Assim, quando estimulados simultaneamente por essas combinações, eles não conseguem transmitir um sinal claro ao cérebro, resultando na impossibilidade de perceber essas cores ao mesmo tempo.

Os estudos pioneiros sobre cores impossíveis remontam a 1983, quando Hewitt Crane e Thomas Piantanida conduziram experimentos com listras vermelhas e verdes, além de azuis e amarelas, lado a lado.

Utilizando equipamentos especiais para fixar essas listras na retina dos participantes, eles descobriram relatos intrigantes. Alguns viram cores que não correspondiam aos padrões conhecidos, enquanto outros descreveram padrões misturados ou uma cor dominando sobre a outra.

Anos depois, em 2001, Vincent A. Billock e sua equipe repetiram o experimento, ajustando as cores para terem a mesma luminosidade.

Novamente, alguns participantes relataram ver cores que não estavam representadas no mapa tradicional de cores. Esse fenômeno levantou debates acalorados entre cientistas: alguns argumentam que as condições experimentais influenciaram os resultados, enquanto outros defendem a existência real das cores impossíveis.

Em 2006, pesquisadores da Dartmouth College revisitaram esses estudos, fornecendo aos participantes mapas de tons para identificar as tonalidades que viam nas listras alternadas. Alguns observaram tons que desafiavam a lógica das cores tradicionais, levantando questões sobre a natureza das cores proibidas.

O estudo das cores impossíveis não somente desafia nossas noções básicas de percepção visual, mas também pode ter implicações práticas significativas. Assim, compreender melhor essas limitações pode influenciar o design de tecnologias visuais, a iluminação e até mesmo o desenvolvimento de novas aplicações em neurociência.

Embora o mistério das cores impossíveis ainda não esteja completamente resolvido, cada avanço nos aproxima um pouco mais de desvendar esses enigmas visuais.

Enquanto continuamos explorando as fronteiras da percepção humana, o interesse por essas cores que não podemos ver continua a inspirar cientistas e entusiastas da ciência em todo o mundo.

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