O padre que previu os buracos negros e o que ninguém te contou

John Michell, um padre britânico do século 18, previu a existência dos buracos negros usando as leis newtonianas.

Você sabia que a concepção de buracos negros não é uma invenção moderna? Surpreendentemente, essa ideia foi antecipada há séculos por John Michell, um sacerdote britânico do século 18. Michell, formado em Cambridge, foi um pioneiro ao aplicar leis newtonianas para prever fenômenos que só seriam reconhecidos pela ciência séculos depois, como os buracos negros.

O que é um buraco negro e qual a sua importância

Antes de mais nada, é importante entender o que é um buraco negro. Buracos negros são regiões do espaço onde a força gravitacional é tão intensa que nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Eles se formam quando uma quantidade significante de massa é comprimida em um espaço extremamente pequeno. Este fenômeno geralmente ocorre após a morte de estrelas massivas, quando seu núcleo colapsa sob a própria gravidade.

Além disso, eles possuem três características principais: massa, carga e rotação. A massa determina a força gravitacional do buraco negro. A carga, apesar de ser geralmente neutra na maioria dos buracos negros, pode influenciar a maneira como ele interage com partículas carregadas. A rotação, ou momento angular, afeta a sua forma e a maneira como ele atrai matéria. O horizonte de eventos é a fronteira ao redor do buraco negro onde a velocidade de escape excede a velocidade da luz.

Leia mais: Genética ou estilo de vida: estudo mostra o que te faz viver mais

Mas, qual é a importância dos buracos negros?

Porém, você deve estar se perguntando se os buracos negros são tão importantes assim mesmo. E, a verdade é que eles são fundamentais para entender a física do universo. Isso porque desafiam as leis conhecidas da física e oferecem pistas sobre a gravidade quântica e a estrutura do espaço-tempo. Estudá-los ajuda os cientistas a testar as teorias da relatividade geral de Einstein e a explorar fenômenos extremos que não podem ser replicados na Terra. Além disso, eles podem influenciar a formação e a evolução de galáxias, desempenhando um papel essencial na dinâmica cósmica.

Leia mais: Por que você deveria evitar falar frases com ‘não’ ao seu cérebro?

Padre previu buracos negros

Mas, o mais interessante é que houve um padre na história que parece ter previsto os buracos negros. O seu nome era Michell. Nascido em 1724, foi um homem de mente brilhante e curiosa, dedicando-se a várias disciplinas. Em Cambridge, ele se destacou não apenas em teologia, mas também em matemática, geologia e astronomia. Era conhecido por construir seus próprios instrumentos científicos e conduzir experimentos meticulosos, uma raridade para a época.

Em 1783, Michell publicou uma hipótese revolucionária sobre a gravidade e a luz, sugerindo que se uma estrela fosse massiva o suficiente, poderia reter sua própria luz. Embora seus contemporâneos não percebessem, ele estava descrevendo um buraco negro muito antes de termos modernos e tecnologias estarem disponíveis para confirmar tal existência.

A trajetória de Michell não foi apenas científica. Após deixar Cambridge, ele se tornou pároco, seguindo os passos de seu pai, e continuou suas pesquisas. Michell estava profundamente imerso na tradição newtoniana, vendo as leis da natureza como uma extensão das leis divinas. Para ele, ciência e religião eram faces da mesma moeda, ambas revelando a complexidade do universo criado por Deus.

A contribuição de Michell para a ciência, especialmente a cosmologia, foi notável. Ele também influenciou outros cientistas de sua época, incluindo Henry Cavendish, com quem trocou correspondências sobre seus trabalhos. Apesar de sua visão profética, Michell permaneceu relativamente desconhecido após sua morte em 1793, uma consequência de seu desejo de publicar apenas quando satisfeito com suas descobertas, priorizando a integridade intelectual sobre a fama.

John Michell foi um verdadeiro visionário, cujas teorias não apenas desafiaram, mas anteciparam descobertas que transformariam nossa compreensão do cosmos. Em uma época dominada por debates entre ciência e religião, Michell demonstrou que o pensamento crítico e a imaginação não conhecem fronteiras, seja em campos teológicos ou astronômicos.

Comentários estão fechados.