Qual é a língua mais difícil do mundo? Ela é falada no Brasil!

Língua possui apenas três vogais, seis consoantes e um único tempo verbal.

Você sabia que o Brasil abriga a língua mais difícil do mundo? Falada por aproximadamente 400 membros da etnia Pirahã, no sul do Amazonas, essa língua possui particularidades que intrigam especialistas e linguistas. O povo Pirahã utiliza um sistema linguístico extremamente simplificado e, ao mesmo tempo, complexo, com apenas três vogais e seis consoantes, além de um único tempo verbal: o presente.

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O que faz um idioma ser difícil

Um dos principais fatores é a complexidade gramatical. Línguas com estruturas gramaticais extensas e regras rigorosas, como o caso dos verbos em alemão ou as declinações em russo, exigem um grande esforço de memorização e aplicação correta das regras, o que pode ser desafiador para aprendizes. Além disso, línguas com sistemas de concordância complexos, onde a forma das palavras muda de acordo com gênero, número e caso, como o árabe ou o polonês, adicionam camadas de dificuldade para os estudantes.

Outro fator significativo é o sistema de escrita. Línguas que utilizam alfabetos não-latinos, como o chinês com seus milhares de caracteres ou o japonês com a combinação de kanji, hiragana e katakana, requerem um esforço adicional para aprender a ler e escrever. A relação entre o som e a grafia nas palavras também pode complicar a aprendizagem. Em inglês, por exemplo, a inconsistência na pronúncia das palavras escritas torna a ortografia particularmente desafiadora.

A pronúncia é outro aspecto essencial. Assim, sons que não existem na língua materna do aprendiz podem ser difíceis de reproduzir. Por exemplo, os sons tonais do chinês, onde a entonação altera o significado da palavra, ou os cliques do xhosa, são obstáculos significativos para muitos falantes não nativos. A prosódia, que inclui o ritmo, a entonação e o sotaque, também influencia, pois cada língua tem suas nuances que podem ser difíceis de dominar.

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Língua mais difícil do mundo

Os Pirahã têm um modo de vida que reflete a singularidade de seu idioma. Eles são seminômades, vivendo em constante deslocamento pelas margens do Rio Maici. Além disso, são monolíngues, ou seja, falam exclusivamente sua língua nativa, resistindo à influência de outras línguas, incluindo o português, que é falado por alguns homens da tribo, mas não pelas mulheres.

Interessantemente, a língua Pirahã não inclui conceitos numéricos ou distinções de cor mais complexas do que “mais claro” ou “mais escuro”. Eles também não adotam uma religião ou mitologia, baseando suas crenças apenas em elementos que podem ser vistos ou sentidos. Isso reflete uma visão de mundo pragmática e extremamente concreta.

A língua é tonal, o que significa que a entonação é essencial para diferenciar significados. Os Pirahã conseguem até mesmo conversar enquanto comem, usando diferentes tons para se comunicar de forma eficaz. Essa característica é vital, especialmente durante expedições nas densas florestas ou rios da região.

As pesquisas sobre essa língua ganharam destaque com o linguista americano Daniel Everett, que passou décadas estudando o idioma e foi tema do documentário “A gramática da felicidade”. Em 2016, Rolf Theil, professor de linguística da Universidade de Oslo, reiterou a complexidade do Pirahã ao classificá-lo como “a língua mais difícil do mundo”, estimando que seu aprendizado pode levar até uma década.

A língua também é conhecida por sua sintaxe aglutinativa, onde os sufixos são usados para indicar nuances complexas de intenção e evidência, algo que desafia a ideia de que todos os idiomas possuem recursividade, um conceito linguístico que envolve a capacidade de aninhar cláusulas dentro de outras cláusulas.

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