História do Tocantins: as primeiras Entradas e Bandeiras
As primeiras entradas no Tocantins foram marcadas por expedições em busca de ouro e por conflitos com os povos indígenas
A audácia dos paulistas sempre os levou muito longe em suas conquistas, desde os tempos em que os portugueses firmaram os pés no Planalto de Piratininga [local onde se fundou a cidade de São Paulo]. O anseio de escravizar indígenas para os seus trabalhos e de descobrir ricas minas de ouro, de que o Brasil era tão pródigo naqueles tempos, levou-os a penetrar audaciosamente em todas as direções onde a ambição os pudesse levar com maior possibilidade de sucesso.
Assim, ignorando as convenções estabelecidas entre dois poderosos reinos da Europa, Portugal e Espanha, eles empurraram as fronteiras nacionais até às proximidades dos Andes.
Apostolado dos jesuítas em 1625
A área que hoje constitui o Estado do Tocantins não podia fugir a esse lugar-comum da História do Brasil: a febril movimentação dos bandeirantes paulistas. Com efeito, foram eles os primeiros a percorrerem o sertão tocantinense, tanto nas margens do Araguaia como do Tocantins.
Já no ano de 1625 se tem notícia de que os jesuítas exerciam o apostolado junto aos indígenas que habitavam as margens do Tocantins, destacando-se entre eles Frei Cristóvam de Lisboa.
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Soldados franceses no Tocantins em 1613
Registre-se a presença dos chamados homens brancos na região em 1613, constituída de soldados franceses expulsos pelos portugueses, de uma fortificação (S. Luiz) que eles haviam construído no Maranhão. Algumas dezenas desses soldados, sob o comando de La Planque, ficaram vários anos nas margens do Tocantins e se misturaram com os tupinambás que viviam ali, conforme Síntese Histórica preparada pelo Comitê Pró-Criação do Estado do Tocantins.
Perseguidos pelos predadores, os indígenas fugiram das regiões litorâneas, infiltrando-se pelos sertões do Rio São Francisco até as barrancas do Tocantins, onde se viram acossados pelos bandeirantes do mestre-de-campo Pascoal Paz de Araújo, principalmente os da tribo dos Guajaús.
Tentativa de expulsão dos bandeirantes
Em síntese, a mentalidade então predominante entre os bandeirantes era mover a guerra de extermínio às tribos que se opusessem a suas pretensões. Os jesuítas, por se oporem a este tipo de relacionamento com os indígenas, apelaram ao governador do Maranhão, Pedro César de Menezes, instando-o a considerar um insulto a entrada deles nesses territórios.
Uma força comandada por Francisco da Costa Falcão, que ponderou a inconveniência de medir força com uma facção mais poderosa, não chegou a partir.
Pedro César organizou nova força, mais bem preparada, com a mesma finalidade: expulsar os considerados intrusos [os bandeirantes]. Percebe-se assim a influência que o Maranhão exercia nesta região, muitas vezes disputando com o Pará um direito que de fato pertencia à Capitania de São Paulo, pelo menos até que tivesse sido criada a Capitania de Goiás.
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Padre Raposo Tavares em missão da Corte
Essa nova força, organizada por Pedro César de Menezes, também não partiu, em virtude de chegada do Padre Antônio Raposo Tavares, investido em missão especial da Corte Portuguesa, informada que fora por Pascoal Paes de Araújo de que o Tocantins era rico em metais preciosos. O Padre Raposo tinha como missão oficial explorar o majestoso Tocantins, não tendo encontrado Pascoal Paes de Araújo, que já havia falecido.
Alencastre menciona que em 1669 Manoel Brandão Gonçalo Paes navegou pelo Tocantins até abaixo de sua confluência com o Rio Araguaia. Ademais, em 1720, por ordem do Governador Bernardo Pereira Barreto, o Capitão Diogo Pinto da Gaya subiu o mesmo rio até a Ilha do Bananal.
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A maior bandeira paulista à região, em 1673
A Professora Maria Augusta Santana Morais, citando Luiz Palacin, assegura que em 1673, Sebastião Paes de Barros chefiou a maior bandeira de São Paulo com destino a esta região, vindo fixar-se na confluência do Rio Tocantins com o Rio Araguaia. O número de indígenas incorporados à referida bandeira era calculado em torno de 800.
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Notas:
- Este artigo é uma adaptação da primeira obra orgânica sobre a História do Tocantins, escrita pelo renomado historiador Osvaldo Rodrigues Póvoa (13/05/1925 – 09/11/2023).
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