Origem da família Araújo: história, brasões e chegada ao Brasil
Conheça as origens da família Araújo, sua conexão com Portugal e Espanha, e a contribuição histórica no Brasil Colônia.
Dando continuidade à série sobre as origens de famílias tradicionais brasileiras, este segundo artigo explora a origem e trajetória da família Araújo, uma linhagem com presença histórica em Portugal e contribuições relevantes no Brasil. A seguir, descubra como essa família se estabeleceu, seus legados e conexões que atravessaram séculos e continentes.
A origem da família Araújo
Os Araújo se espalhavam por muitos lugares de Portugal. Citam-se, entre eles: Arcos-de-Val-de-Vez, Entre-Homem, Melgaço, Sabariz, Vilachá e Chaves. Estavam incluídos entre as famílias nobres do reino. Muitos membros desta família prestaram serviços no Brasil colônia.
Segundo muitos genealogistas citados pela Revista Genealógica Latina, volume 9/10, dos anos de 1957/1958, a linhagem dos Araújo “remonta ao Conde d’Osório e, mais proximamente de Mem Soeiro da Mata, descendente de Gonçalo Trastamara da Maia e Mécia Rodrigues (1ª), e Senhor do Solar Arauza, na Galiza [Espanha]. Eram donos de Tentões, Porto da Antas, Lindosa e Vila Postega e das honras de Vilar, de Favila e Melemunda.”
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Brasões da família Araújo
A família Araújo têm dois brasões assim descritos:
Em outra fonte (Anuário Genealógico Latino, Volume VI) a descrição é a seguinte:
- Os de Galiza trazem por armas [brasão] com uma dama ao pé da torre, um falcão com uma perdiz nas garras e três flores-de-lis em chefe [na parte superior do escudo].
- Os de Portugal em campo [fundo] de prata uma aspa azul [figura em forma de “X” que ocupa o centro do brasão] com cinco besantes [pequenos círculos ou discos dourados] em ele. Timbre [ornamento que fica acima do escudo]: Um meio mouro, com braços, vestido de azul com capelo de ouro como caça.
Ainda segundo a Revista Genealógica Latina, “as armas em Castela [brasões de armas ou emblemas heráldicos] constituíam em uma torre de prata, em campo [fundo] azul contendo figura de mulher tendo ao pé um falcão com uma perdiz e três flores-de-lis em chefe [na parte superior do escudo]. Os Araújo de Portugal tinham suas armas em campo [fundo] de prata, constante de uma aspa [figura em forma de “X” que ocupa o centro do brasão] com cinco besantes de ouro [pequenos círculos ou discos dourados]. Servia de timbre [ornamento que fica acima do escudo] um meio Mouro vestido de azul com capelo de ouro.”
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A evolução do sobrenome da família Araújo
Vasco Rodrigues entrou para o Solar de Arauza, uma antiga propriedade senhorial localizada na Galícia, região histórica no noroeste da Península Ibérica, hoje parte da Espanha. Ficou conhecido pelo nome da propriedade que passou a ser usado como apelido (sobrenome) da família. Possivelmente o acento sobre a letra “u” de Arauza e a ida da família para Portugal em 1683 muito contribuíram para o aportuguesamento do sobrenome.
Vasco Rodrigues foi casado com Leonor Gonçalves Velho, filha de Pedro Yanez Velho. Foi Pedro Yanez de Araújo, filho do casal, fronteiro-mor da Galiza que, no tempo de Dom Fernando, em 1683 foi para Portugal, onde exerceu as funções de conselheiro.
Os Araújo na colonização do Brasil
Vários membros desta família prestaram serviços nos tempos da colonização em Pernambuco, sem contudo se fixarem em terras brasileiras. Vários eram os ramos desta família: Costa Araújo, Fernão Velho de Araújo, Amador de Araújo, Rodrigues de Araújo.
Francisco Gil de Araújo foi um deles. Nascido na Bahia, era filho do português Pedro Garcia, natural da Ilha de S. Miguel, e de Maria Araújo. Por serviços prestados no Brasil, teve “alvará de foro de fidalgo cavaleiro” [título honorífico brasileiro concedido por decreto do imperador] em 17 de março de 1678, tendo ocupado várias posições de destaque, inclusive a de Capitão-Mor Governador do Espírito Santo. Era casado com Joana Pimentel e deixou sucessores.
Outra hipótese é a de serem descendentes de Francisco de Araújo 1º trineto de Bernardino Barbuda de Araújo e Leonor Pereira Barbuda, casado com Genebra Barbosa, filha de Estêvão G. Sesteiros e Brites Barbosa, residente no Brasil, é uma das hipóteses da família no Brasil.
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Conexões familiares e legados no Tocantins
Tendo sido a cidade de Natividade, no Tocantins, fundada por Manoel Ferraz de Araújo, resta ainda a possibilidade de os Araújo desta região serem de sua descendência.
Manoel Ferraz de Araújo era filho de Lourenço de Araújo Ferraz, vereador da cidade do Porto em 1690, e de Dona Brites Ribeiro, da Freguesia do Paço de Sousa, em Portugal. Era neto paterno de Jerônimo Ferraz, nobre cidadão do Porto e Provedor da Santa Casa da Misericórdia em 1583. Seus avós maternos foram Bento Ribeiro e Maria Moreira.
Manoel Ferraz de Araújo veio para São Paulo, onde seu irmão Frei Jerônimo do Rosário era prior do Mosteiro de São Bento [responsável pela direção da ordem], chegando a Abade em 1659.
Há, porém, fortes indícios de que os Araújo de Natividade sejam parentes dos de Conceição do Norte (Conceição do Tocantins), de onde era natural Francisca Vieira de Borges, mãe do Major Delfino Antônio de Araújo que, tendo ficado órfão muito cedo, foi morar em Natividade onde exerceu os cargos de Tabelião e Escrivão de Órfãos. Esta hipótese é reforçada pela existência de outros Antônio de Araújo naquela vila, como Eliseu Antonio de Araújo que foi Juiz Municipal Substituto do Termo na década de 1880.
O Major Delfino Antônio de Araújo era pai de Flávio Antônio de Araújo, tronco desta família em Natividade.
O que fica claro é que os Araújo são originariamente da Espanha, descendentes de Vasco Rodrigues, que incorporou o nome Arauza ao da família e depois seus descendentes foram para Portugal, de onde vieram para o Brasil.
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NOTA 1: Este artigo é uma adaptação da obra literária Historiologia, escrita pelo renomado escritor e historiador Osvaldo Rodrigues Póvoa (13/05/1925 – 09/11/2023), cuja dedicação em registrar os detalhes das genealogias brasileiras é um legado inestimável para a história do país.
NOTA 2: As explicações entre colchetes ([]) foram incluídas para facilitar a compreensão dos termos heráldicos.
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