Família Azevedo: origens, conquistas e legado no Brasil e em Portugal
Conheça a história da família Azevedo, desde sua origem nobre em Portugal até sua influência política e social no Tocantins
A família Azevedo estava espalhada por mais de quinze localidades de Portugal, como Azevedo, Bouro, Penafiel, S. João d’El Rei, Portalegre, Almada e Évora. Pertencente à nobreza portuguesa, os Azevedo prestaram importantes serviços ao reino tanto em Portugal quanto no Brasil.
Contribuições de Álvaro de Azevedo
Os Azevedo tiveram papéis importantes tanto em Portugal quanto no Brasil. Entre os destaques está Álvaro de Azevedo, cavaleiro fidalgo e filho de Antônio Gonçalves de Azevedo, que recebeu o Hábito de Cristo [título de honra] em 28 de janeiro de 1744 pelos serviços prestados no Brasil.
Álvaro participou de diversas ações militares, como o cerco de Nassau, na Bahia, e a expulsão do Forte Telena, no Alentejo. Seu último posto em Portugal foi como governador da Fortaleza de Santo Antônio de Cascais.
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Outras figuras nobres da família
Outros nobres: Antônio Pereira de Azevedo, natural de Lisboa. Manoel de Azevedo, natural de Vila Franca. Miguel de Azevedo, natural de Vila Viçosa e Paulo de Araújo Azevedo.
O brasão da família está assim descrito
Brasões de Portugal e Castela
Os representantes de Portugal possuem como brasão de armas um escudo esquartelado [dividido em quatro partes]. No primeiro quadrante, em fundo dourado, há uma águia preta de asas abertas. No segundo, um fundo azul com cinco estrelas prateadas dispostas em forma de cruz, cercado por uma borda vermelha decorada com aspas de ouro. Os quadrantes seguem esse padrão de forma alternada. O timbre [elemento acima do escudo no brasão] consiste em uma águia do escudo com uma das estrelas das armas no peito.
Já os representantes de Castela apresentam um escudo também esquartelado. No primeiro quadrante, há um loureiro verde, e no segundo, em fundo prateado, figura um lobo negro, com os quadrantes alternando-se da mesma maneira.
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Origem do nome Azevedo
Procedem de Arnaldo de Bayão por via de seu descendente Pedro Mendes de Azevedo, que foi o primeiro que assim se chamou da Quinta Azevedo, em Entredouro e Minho, que é o seu solar. Tem, em Portugal, os senhores de São João de Rei e outras casas e morgados antigos. Em Castela têm os Condes de Fontes e os de Monte Rei.
Algum evento importante em que tomou parte a família deve ser o motivo da incorporação do nome do lugar ao da família, como era costume naqueles tempos.
A chegada ao Tocantins e estabelecimento
A época em que vieram para o então arraial de Nossa Senhora da Conceição do Norte, hoje Conceição do Tocantins, não foi possível apurar, mas é certo que em 1797 o Capitão Caetano Francisco de Azevedo era o Escrivão de Órfãos deste arraial.
Pode-se conjeturar, que, em sua marcha para o norte, alguns dos seus membros tenham-se fixado pelo caminho, pois um dos maiores comerciantes dos primórdios de São José do Tocantins, hoje Niquelândia, era Joaquim Francisco de Azevedo.
Influência política e conflitos
Numa briga política entre conservadores e liberais, os primeiros obtiveram uma grande vitória ao conseguir afastar do cargo de Inspetor Paroquial do Ensino o poderoso Coronel José Joaquim Francisco da Silva e colocar em seu lugar o Padre conservador João Francisco de Azevedo Nascimento.
Paulo Betran, em “Memória de Niquelândia”, falando da descendência do Capitão Felipe Ribeiro de Freitas e Maria Josefa de Azevedo diz que eles vieram de Portugal “da vila de Campelo, Concelho de Baião, Bispado do Porto, para Traíras e São José”. É uma extraordinária coincidência o nome do concelho com o de Arnaldo de Bayão, pai do primeiro que usou o apelido Azevedo.
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Influência da família Azevedo em Conceição do Tocantins
Na primeira metade do século XIX, além do Capitão Caetano Francisco de Azevedo, mencionado em 1797, outros membros da família já estavam estabelecidos em Conceição do Tocantins. Entre eles, destacam-se José Luís de Azevedo e seus descendentes: Joaquim Francisco de Azevedo (o velho), Salvador Francisco de Azevedo e José Francisco de Azevedo.
Pode-se supor que o Bispo de Goiás, D. Joaquim Gonçalves de Azevedo, tinha parentesco com os padres João Francisco de Azevedo Nascimento, de São José de Tocantins, e Hermenegildo Francisco de Azevedo, de Conceição do Tocantins.
Como já mencionado, o primeiro esteve envolvido em uma disputa política que resultou na destituição de Joaquim Francisco da Silva do cargo de Inspetor Paroquial do Ensino, por solicitação do líder conservador José Joaquim Ribeiro de Freitas.
Relato de Paulo Betran
A influência do bispo é plausível e pode ser observada no relato de Paulo Betran em “Memória de Niquelândia”: Era o “Coronel Joaquim Francisco da Silva Presidente da irmandade da Abadia, Mestre da Loja Maçônica de S. José, Comandante Geral da Guarda Nacional da Comarca dos Rios das Almas e Maranhão, grande comerciante e fazendeiro, senhor absoluto do poder em Niquelândia. Após os sangrentos acontecimentos eleitorais ali ocorridos em 1886, seus adversários apelidaram-no exageradamente de “Terror do Norte” e é com essa fama que vamos encontrá-lo face a face com outra raposa, o Bispo de Goiás [D. Joaquim Gonçalves de Azevedo], no glorioso ano de 1892”.
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O domínio da Fazenda Taipas
Muito antes do chamado “glorioso ano de 1892”, o Padre Hermenegildo Francisco de Azevedo já demonstrava interesse em tomar posse da fazenda Taipas, por volta de meados do século XIX. Natural de Traíras, ele foi ordenado em 1847 e faleceu em 7 de janeiro de 1871.
Curiosamente, a fazenda Taipas, que posteriormente se tornou distrito do município de Conceição, permaneceu por muitos anos sob o domínio absoluto da família Azevedo. O último a exercer esse domínio foi Joaquim Francisco de Azevedo.
Embora não existam documentos que comprovem, registrei no livro “Crônicas de Outros Tempos” o relato preservado pela tradição oral de que o Padre Hermenegildo Francisco de Azevedo seria pai de Mariana Francisco de Azevedo. Mariana era prima de Salvador Francisco de Azevedo, pois José Luís de Azevedo, pai de Salvador, era irmão do Padre Hermenegildo.
Legado político de Salvador Francisco de Azevedo
Salvador Francisco de Azevedo foi deputado, jornalista e promotor de Porto Nacional. Era um homem inteligente, culto e extraordinariamente hábil no lidar com assuntos políticos.
Seu filho, Aureliano Francisco de Azevedo, ocupava o cargo de Presidente do Conselho Municipal de São José do Duro durante os acontecimentos de maio de 1918. Esses eventos culminaram na trágica Chacina dos Nove, em 16 de janeiro de 1919, quando, em uma ação irresponsável e irracional, a polícia de Goiás executou algumas das principais lideranças do município. Esse episódio é detalhado nas obras “Quinta-Feira Sangrenta” e “Crônicas de Outros Tempos”.
Joaquim Francisco de Azevedo teve papel importante no município de Conceição, destacando-se como político e conselheiro municipal na década de 1890.
Ele se casou duas vezes, sendo a primeira união com Francisca Leal, filha do Coronel Custódio José de Almeida Leal, com quem teve os seguintes filhos:
Descendentes de Joaquim Francisco de Azevedo
Joaquim Francisco de Azevedo teve papel de destaque no município de Conceição, como político, conselheiro municipal na década de 1890. Foi casado duas vezes.
Em primeiras núpcias com Francisca Leal, filha do Coronel Custódio José de Almeida Leal, com quem teve os seguintes filhos:
- José Francisco de Azevedo (1869)
- Ana Francisca de Azevedo
- Libânia Francisco de Azevedo
- Idalina Francisco de Azevedo
- Custódia Francisco de Azevedo
- Francisca de Azevedo.
Em segundas núpcias, com sua cunhada Maria da Purificação Leal (viúva de Manoel Fernandes de Oliveira) que trouxe filhos do primeiro casamento, dentre os quais:
- Domício Fernandes de Oliveira
- Florentina Francisco de Azevedo.
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Descendentes de José Francisco de Azevedo
José Francisco de Azevedo se casou com Libânia Martins, filha de José Martins Resende, pais de:
- Joaquim Francisco de Azevedo (16.08.1898-31.05.1977)
- Sizenando Francisco de Azevedo
- Francisco Pompeu José de Azevedo
- José Custódio Francisco de Azevedo
- Salvador Francisco de Azevedo
- Abílio Francisco de Azevedo.
Joaquim Francisco de Azevedo foi casado com Maria Martins Resende, que exerceu o cargo de prefeita de Conceição em 1938. Ele residia na fazenda, que mais tarde se tornou o distrito de Taipas.
Joaquim foi um dos principais líderes políticos da região, tanto antes da perda da autonomia do município quanto depois, quando Taipas foi incorporado como distrito de Dianópolis. Até sua morte, permaneceu como a liderança incontestável do local.
Foi desse tronco, Joaquim Francisco de Azevedo com as irmãs Francisca e Maria da Purificação Leal, que veio a atual geração dos Azevedo de Conceição do Tocantins, hoje disseminados por vários lugares do Brasil.
Nota 1: Este texto é uma adaptação do livro “Historiologia”, do historiador Osvaldo Rodrigues Póvoa (11/05/1925 – 09/11/2023), que dedicou sua vida a preservar e compartilhar a memória histórica de nossa sociedade.
Nota 2: As explicações entre colchetes ([]) foram incluídas para facilitar a compreensão de alguns termos.
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